1.12.07


Sem palavras. Scope, o novo trabalho de Rui Horta, apanha-nos a todos desprevenidos. Como um pontapé nos tom****.
Um palco/plateia original, uma conversa perturbante, os movimentos previsíveis (e talvez por isso contagiantes), a música viciante (a lembrar por vezes Alva Noto e Ryuichi Sakamoto), e um jogo de luzes que nos conduz (literalmente) a toda a hora. Durante não sei quanto tempo (lá dentro perde-se toda e qualquer noção do tempo) ficamos embriagados e saímos de lá ainda ressacados.

"Aprofundar o olhar sobre a comunicação e as inevitáveis fronteiras que entre nós colocamos. Espaço de manobra para a percepção dos ínfimos detalhes e das mais subtis diferenças.
O público dentro de um universo de dúvida e estranhesa, num espaço cénico partilhado com os intérpretes, que a cada instante, condiciona a percepção. Aceitar esse lugar único de público em diálogo com a obra, de público transformador.
A percepção, o diferente olhar que temos da mesma realidade. Os intérpretes descobrem-se a sim mesmos e o público reinveta o ângulo de visão. "Como és" e não "quem és". A enorme distância entre o "como" e o "quem" é a viagem da obra em busca do objecto o mais subjectivo de todos, o do desejo. "Vai-vem" entre a razão e a emoção, a surpresa e o trompe-l'oeil.
Percurso sinuoso, construção virtual habitada pelos nossos próprios fantasmas, funcionando como uma verdade, algo que desloca o "que vemos" para o "que queremos ver".
E que território de mal-entendido mais universal do que o do amor?
Cada um verá o que entender, ou melhor ainda, entenderá à sua maneira aquilo que quer ver."


Rui Horta



1 comentário:

@n@bel@ disse...

Gostava de ver um espectáculo do Rui Horta desde que uma vez vi uma entrevista dele no programa da Ana Sousa Dias no canal 2