O navio de espelhos
não navega cavalga
Seu mar é a floresta
que lhe serve de nível
Ao crepúsculo espelha
sol e lua nos flancos
Por isso o tempo gosta
de deitar-se com ele
Os armadores não amam
a sua rota clara
(Vista do movimento
dir-se-ia que pára)
Quando chega à cidade
nenhum cais o abriga
O seu porão traz nada
nada leva à partida
Vozes e ar pesado
é tudo o que transporta
(E no mastro espelhado
uma espécie de porta)
Seus dez mil capitães
têm o mesmo rosto
A mesma cinta escura
o mesmo grau e posto
Quando um se revolta
há dez mil insurrectos
(Como os olhos da mosca
reflectem os objectos)
E quando um deles ala
o corpo sobre os mastros
e escruta o mar do fundo
Toda a nave cavalga
(como no espaço os astros)
Do princípio do mundo
até ao fim do mundo
Mário Cesariny
5 comentários:
Excelente!
Estou sem palavras...
;)
Podes crer, é bem lindo...estou sem palavras também!
Bem, apenas conhecia o projecto, mas nunca tinha visto nenhum vídeo.
Fantástico...
Pois é aqualung, já lá vão uns anitos desde que me arranjaste este CD, mas também desconhecia que existiam videos deste projecto. Ainda para mais, já não basta o CD ter a voz de Mário Cesariny a declamar os seus poemas como o vídeo tem ainda a honra de ter a sua presença.
É realmente fantástico.
Mesmo muito bom!!!
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